“Os portugueses descobriram a maior
parte do mundo”. Já todos ouvimos este chavão da história
universal, mas pouco refletem sobre as consequências da nossa demanda por mares
nunca dantes navegados. Os descobrimentos portugueses vão-se esbatendo com o
passar dos séculos e, para uma larga maioria, pouco mais não são que uma nota
de rodapé nos alfarrábios da história.
Longínquos
são os tempos em que apregoávamos, a autóctones estupefactos, que éramos
senhores de todos os mares da terra, e a cinco mil léguas de distância impusemos
a nossa vontade a reinos que facilmente superavam os maiores da Europa.
Embora
esses feitos espantem os historiadores e exacerbem o orgulho nacional, o nosso
maior legado à humanidade foi o conhecimento dos mares.
Nós não fomos os únicos navegantes que se
aventuraram pelo desconhecido. Os vikings navegaram até á Gronelândia e,
provavelmente, até à Península do Lavrador, sendo os primeiros europeus a pisarem
a América do Norte. O que nos distingue desses e de outros navegadores foi que,
regidos pela batuta do Infante, fizermos uma exploração metódica, fundamentada
em ciências como a matemática e a astrologia, que nos permitiram cartografar
terras, ventos e correntes, registando esse conhecimento, para que outros, na
nossa esteira, firmassem o processo da globalização, do qual fomos precursores.
Então,
porque não ocupamos o lugar que nos é devido?
O
estado espanhol, em 2009, encarregou a universidade de Granada de uma
investigação para tentar esclarecer a nacionalidade de Cristóvão Colombo. Era
remota a hipótese de ser castelhano, mas, ainda assim, os nossos vizinhos
depositaram oito milhões de euros do erário público numa esperança que viram
gorada.
E
nós, com indícios muito mais fortes quanto à sua ascendência portuguesa, para
além de nada fazermos, ainda vimos negada, pelo ministério da cultura, o pedido
de exumação, para teste de ADN, de D. Fernando duque de Beja, irmão de D.
Afonso V e provável pai de Cristofõn Colon, pseudónimo de Salvador Fernandes
Zarco, erradamente conhecido por Cristóvão Colombo, pretenso primeiro europeu a
chegar ao continente americano.
Pretenso,
porque vinte anos antes, João Vaz Corte Real tinha ido dar à Terra Nova, quando
procurava as águas dos bacalhaus.
Também
foi preciso um australiano meter mãos à obra para reafirmar a tese que esta
ilha continente não foi aportada pela primeira vez pelo capitão Cook, mas sim pelo
navegador português Cristóvão de Mendonça duzentos anos antes.
A resposta à pergunta supra efectuada é óbvia,
o estado Português nunca se empenhou minimamente em aprofundar estes indícios
que em muito contribuiriam para a promoção do nosso país, redefinindo a nossa
importância no mundo. Não é coisa que a mim me espante, pois parece que os
estrangeiros têm mais interesse pela nossa história que nós próprios. Dos
melhores livros de história que li, não desprestigiando alguns nacionais, foram
escritos por personalidades como boxer, Elaine Sanceau e o luso alemão Rainer
Daehnhardt, que recentemente adquiriu o elmo que D. Sebastião usou em Alcácer Quibir e
que lança uma série de novas pistas sobre o desaparecimento do Desejado.
Hoje,
não somos ninguém, mas, como concluiu o Dr. Manuel Luciano Silva:
Nós
não descobrimos a maior parte do mundo…
Nós
descobrimos o mundo todo!
Nelo Montemuro
Sem comentários:
Enviar um comentário