quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Fotodocumentário

Parabéns à Helena Silvestre pelo excelente trabalho que realizou sobre a Gralheira e a beleza do Montemuro. Muito Bom!!!!

Confiram e comentem em: http://www.youtube.com/watch?v=Rye6HuHCbWI

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Gralheira

Elevada nos píncaros da serra
Desponta na escarpa derradeira
Onde começa o Céu e acaba a Terra
E se afia o cume da cordilheira

Erguida sob a égide dos ventos
Ostenta agreste nome por pendão
De rosto envelhecido pelos tempos
De antigas memórias bastião

Senhora das encostas pioneira
Germinas entre fragas e penedos
Onde não vinga pomar ou videira

És rainha dos montes altaneira
Senhoreias fontes e arvoredos
Ímpar e imutável… és Gralheira

Vítor Silvestre

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nós somos da Gralheira!

“Nós somos da Gralheira”! Esta expressão, numa primeira análise, nada tem de extraordinário ou de anómalo. É a resposta a uma das perguntas basilares que estereotipam a interacção social. Seja com a intenção de substanciar uma relação ou contornar aqueles silêncios ocasionais, onde a falta de afinidade impede a fluência do diálogo, é comum questionar o nosso interlocutor sobre a procedência das suas origens. Mas, quando fazemos uma análise mais atenta, podemos estabelecer conotações de âmbito mais abrangente, que definem a génese das gentes e do lugar que sustentam esta afirmação.
Quando nos anos sessenta do século passado o inexorável êxodo rural redefiniu a demografia da nação, exaurindo o interior em prol das urbes cosmopolitas, estes novos citadinos eram denominados como provincianos, sendo o termo proferido de forma pejorativa e acintosa. Por esse motivo, não pelo pedantismo dos nossos dias, ao serem interpelados pelas suas raízes, por norma, indicavam a sua capital de Distrito, ou a sede de Concelho, mas os meus conterrâneos, em situação análoga, maioritariamente, referenciavam a sua aldeia e só posteriormente a enquadravam no mapa administrativo envolvente.
Este comportamento tão sui generis, embora já o tivesse notado e tecido alguns comentários a esse respeito, só recentemente, ao ser abordado numa reunião de amigos, reflecti sobre ele de forma mais atenta, na tentativa de explicar os fundamentos que lhe estão subjacentes. Após algum exercício de memória, fui conjugando as Histórias que me foram e vão sendo narradas pelos mais velhos, guardiões da memória colectiva. Dessa conjunção avulsa e algo desconexa, consegui estabelecer um denominador comum, indutor de uma linha de pensamento plausível de decifrar este enigma.
A Gralheira, povoação serrana como tantas outras, não é melhor nem pior que as demais, mas, sem dúvida, é diferente da maioria. Devido à sua situação geográfica, alcantilada no cume da serra de Montemuro, a sua posição assemelha-se a um vértice onde confluem os limites de três concelhos e de várias freguesias. Como tal, converteu-se numa rota no trânsito de pessoas e mercadorias. Este intercâmbio, aliado ao abnegado espírito comunitário, trouxe-lhe desenvolvimento e notoriedade, ao ponto, de pessoas de lugares vizinhos, mais ignotos, se identificarem como sendo seus naturais. Mas, mais do que isso, penso que esta conjuntura fomentou, naqueles espíritos agrestes, outros objectivos que vão além das suas preocupações primárias. Porque a evolução de um povo não se afere só pelas infra-estruturas que lhes proporcionam índices de comodidade e de conforto, mas também pelos seus interesses culturais e, na Gralheira, desde a música ao folclore, sempre existiram. Estes factores diferenciadores induziram um orgulho genético, denotado na afeição incondicional que devotam à sua terra e reflexo na peculiaridade das suas atitudes.
Actualmente, as aldeias já não são o que eram, perderam a natureza endócrina que lhes conferia aquele aspecto rústico e bucólico. Os vectores de uma cultura globalizante fazem-se sentir mesmo nas comunidades mais remotas. As normas de conduta e os códigos de valores são pautados pela evolução tecnológica e veiculados pelos meios de informação. O conceito de identidade e o sentido de pertença são cada vez mais abrangentes numa Europa unificada. Esbatem-se os elos comunitários numa sociedade em que o individual se sobrepõe ao colectivo. Mas, meus caros concidadãos e amigos, apesar desta nova realidade, ainda creio, que se vos perguntarem de onde são, responderão com aquele orgulho serrano, tão inabalável como o granito dos penedos: “ Nós somos da Gralheira”!
Vitor Silvestre

domingo, 24 de maio de 2009

Moinhos de Água

Pode parecer estranho, quase absurdo para um habitante ou descendente da Gralheira, mas a realidade é que as crianças do nosso país, quiçá os pais dessas crianças(!), não sabem para que serve um moinho de água, pior, a maioria não faz a mínima ideia do que é um moinho de água. E isto é tão verdade que quando se pede a uma criança das nossas escolas para desenhar um moinho, o mais provável é ela desenhar um aerogerador ou um parque eólico. Até os tão bem conhecidos moinhos de vento já foram substituídos nas mentes dos mais pequenos! E não pensem os meus caros amigos que o que estou para aqui a escrever é uma falsidade, eu escrevo com conhecimento de causa, isto é tão verdade como desenharem um frango depenado acabadinho de sair da embalagem quando se lhes pediu para desenharem uma galinha.

Deixo daqui um apelo aos pais e educadores deste país, venham visitar a Gralheira e a Serra de Montemuro, tragam os vossos filhos para uma viagem de descoberta de tradições ancestrais aqui tão bem preservadas, mostrem-lhes um moinho de água e a forma tão simples e eficaz de aproveitar os recursos naturais. Passem um fim-de-semana na Gralheira que os vossos filhos agradecerão e olharão para os livros de Estudo do Meio com outro entusiasmo.

Na Gralheira, logo abaixo do restaurante Encosta do Moinho, existem quatro moinhos de água em plena actividade.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Fonte do Esgriche

A fonte do esguiche ou “esgriche” é um dos fenómenos com que a Natureza presenteou a Serra de Montemuro. Trata-se de uma fonte de água cristalina que nasce do meio de um grande penedo. O nome “esgriche” resulta do facto do penedo esguichar a água que sai do seu interior a larga distância. Dizem as pessoas mais antigas que já não “esgricha” como antigamente. Há uns anos, quando a serra ainda era toda cultivada, o proprietário de um terreno das redondezas tentou acabar com o “esgricho”, alargando o seu orifício, por achar que os pequenos pastores de vacas, de cabras e de ovelhas, que por ali guardavam os seus rebanhos, se distraiam com o pujante repuxo e deixavam os animais fugirem para a sua propriedade e destruir as suas culturas.
Eu sempre conheci a fonte como hoje se encontra e, ainda que não esguiche como dantes, continua a tratar-se de uma admirável obra de engenharia da Mãe Natureza que projectou aquela fonte, não para sair das profundezas da terra mas, para brotar do meio de uma altaneira fraga.
Há muito que não ia por aqueles lados. No último sábado resolvi dar uma volta pela serra e desfrutar do magnífico tapete branco de neve que a envolvia e que contrastava com um esplendoroso sol. Passei pela fonte do “esgriche” para ver como ainda “esgricha” e fiquei perplexo com a quantidade de água que sai daquela enorme fraga(!) e que, afinal, ainda mantém algum do seu vigoroso esguiche!!!
Aproveitei também para admirar mais uma vez a estranha escultura natural a “Mulher do Capucho”, que parece estar a escalar, pelo lado poente, o imponente rochedo da Pena do Fojo. A “Mulher do Capucho” trata-se de uma saliência rochosa que se assemelha a uma mulher vestindo um capucho. Este Fenómeno da Natureza pode ser observado tanto de Norte para Sul como de Sul para Norte.

Sempre que subir à serra não deixe de observar estas duas belas maravilhas da Natureza.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O grande nevão


A Capela do Senhor da Boa Morte (Gralheira) e a Serra de Montemuro sob o grande nevão de 30 de Novembro de 2008, considerado o maior das últimas 2 décadas... chegou a atingir 40/50cm!!!

À Descoberta do Montemuro

Considerada a mais desconhecida de Portugal, a Serra de Montemuro oferece aos que a visitam uma beleza singular. Dos seus 1382m de altitude abrem-se largos e longínquos horizontes como a Serra da Estrela, Marão, Caramulo, Peneda/Gerês e até mesmo terras de nuestros hermanos.
A Serra de Montemuro é, não raras vezes, confundida com a Serra da Gralheira por na sua vertente Norte, a 1200m de altitude, se localizar a sua “filha” mais prodigiosa, a aldeia da Gralheira.
Para desfazer qualquer confusão, a Serra da Gralheira localiza-se para os lados de São Pedro do Sul, a nossa serra é a de Montemuro na qual se encontra a aldeia da Gralheira, considerada desde tempos longínquos a PRINCESA DA SERRA.
Será a partir daqui, da Princesa da Serra, que irão partir as nossas viagens de descoberta da mais desconhecida serra de Portugal.